Fundador do PT em Sergipe, Déda foi deputado, prefeito e governador
Militância começou no movimento estudantil de Aracaju, nos anos 70.
Casado com jornalista, Marcelo Déda Chagas deixa cinco filhos.
Do G1 SE
O governador do Sergipe, que morreu nesta segunda-feira (2), lutou contra o câncer durante quatro anos, após ser diagnosticado e fazer a retirada de nódulo benigno do pâncreas, em 2009. Em 2012, ele retomou o tratamento quimioterápico de uma neoplasia gastrointestinal no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, sofrendo os subsequentes efeitos colaterais da medicação. Ele estava internado na capital paulista.
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Marcelo Déda deixa cinco filhos, três deles – Marcela, Yasmim e Luísa – do primeiro casamento e outros dois – João Marcelo e Mateus – da união com a jornalista Eliane Aquino, primeira-dama de Sergipe.Infância no interior e mudança para Aracaju
Após a infância no interior, Marcelo Déda mudou-se para Aracaju aos 13 anos para continuar os estudos. No ensino médio, começou sua história de militância política em movimentos estudantis de esquerda, no final dos anos 1970, no Colégio Atheneu. Na mesma época, engajou-se na cena cultural como cineasta amador e ajudou a organizar cineclubes entre os estudantes.
Entre 1980 e 1984, Déda cursou direito na Universidade Federal de Sergipe (UFS). Nesse período, junto à atuação junto ao Diretório Central dos Estudantes, participou das conversas para a consolidação do recém-criado Partido dos Trabalhadores (PT) em Sergipe. Nos estudos, recebeu grande influência do pensamento marxista, sobretudo na obra do pensador italiano Antonio Gramsci (1891-1937).
Em 1981, conheceu o então líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva, numa visita que o político fez a Aracaju, filmada pelo próprio Déda. No ano seguinte, concorreu a deputado estadual, mas não obteve votos suficientes para se eleger. Em 1984, participou de comícios em Sergipe em favor das Diretas Já e, no ano seguinte, entrou na disputa pela prefeitura de Aracaju, ficando em segundo lugar, derrotado por Jackson Barreto (PMDB).
Carreira política
Marcelo Déda foi militante do PT desde 1985 e conquistou o seu primeiro cargo político em 1986, quando foi eleito deputado estadual com mais de 30 mil votos – seu primeiro cargo público. Entretanto, não conseguiu se reeleger em 1990 e só retomou a carreira política ao se eleger deputado federal em 1994.
Reeleito na Câmara Federal em 1998, Déda deixou o mandato parlamentar para concorrer a prefeito de Aracaju em 2000. Ganhou a eleição no primeiro turno e, quatro anos depois, foi reeleito para o cargo.
Na prefeitura de Aracaju, Déda criou dois novos hospitais, o bairro Santa Maria (antiga Terra Dura) e planejou a construção do novo viaduto do DIA, uma grande obra de integração de vários bairros da capital, além de transformar o Forró Caju em um dos maiores festejos juninos do país.
Em 2006, renunciou ao mandato de prefeito para concorrer a governador do estado, tendo sido eleito. No cargo, construiu dois hospitais regionais e 12 municipais, desafogando o Hospital de Urgência de Sergipe. Conseguiu ainda, junto ao governo Lula, autorização para instalar um campus da saúde da Universidade Federal de Sergipe no município de Lagarto.
Em 2010, foi reeleito para o comando de Sergipe em primeiro turno, com 52,08%, derrotando João Alves Filho (DEM). Durante seus mandatos, também empreendeu a articulação viária no estado, ligando Aracaju a Itaporanga, Indiaroba a Umbaúba, Convento a Pontal, Estância a Indiaroba, com interligação à Bahia. Neste ano, inaugurou um parque eólico em Barra dos Coqueiros e uma barragem no rio Poxim-Açu, para abastecimento de água na grande Aracaju.
Polêmica
No fim de 2009 o Ministério Público Eleitoral (MPE) pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sua cassação por abuso de poder. Em 2010, o TSE já havia absolvido Déda da mesma acusação quando ele foi reeleito governador.
Em fevereiro de 2012, Déda rompeu relações políticas com o senador Eduardo Amorim, do PSC, que fez parte de seu agrupamento nas eleições de 2010. O motivo foi a antecipação da eleição da mesa diretora da Assembleia Legislativa de Sergipe pela deputada Estadual Angélica Guimarães (PSC), aliada do senador Amorim, que obteve a reeleição da presidência da Casa sem conhecimento do governador. A Mesa Diretora foi formada por deputados do PSC, PSB e DEM.
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